Estou lendo um livro que certamente está fazendo uma grande diferença para mim, seu título é Xelotes, de Dave Gibbons e editora Mundo Cristão. No livro encontrei uma poesia que achei fenomenal e muito rica em lições para a nossa vida e comunhão com Deus, além de ser uma verdadeira ilustração de um ambiente que podemos criar para que inspirações e revelações divinas fluam dentro de nós em forma de ideias criativas e abençoados pelo Senhor. Por isso, quero compartilhar abaixo o poema e minhas impressões em seguida, leia com atenção:
O Entalhador de madeiras
Khing, o mestre entalhador, fez uma armação para sinos, de madeira preciosa. Quando terminou, todos que aquilo viram ficaram surpresos. E disseram que deveria ser obra dos espíritos.
O Príncipe de Lu disse ao mestre entalhador: “Qual é o seu segredo?”
Khing respondeu: “Sou apenas operário: Não tenho segredos. Há só isso: Quando comecei a pensar no trabalho que me ordenastes protegi meu espírito, não o desperdicei em ninharias que não vinham ao caso. Jejuei a fim de pôr meu coração em repouso.
Depois de jejuar três dias, esqueci-me do lucro e do sucesso.
Depois de cinco dias esqueci-me do louvor e das críticas.
Depois de sete dias esqueci-me do meu corpo com todos os seus membros.
Nesta época, continuou Khing, todo pensamento de Vossa Alteza e da corte se esvanecera. Tudo o que me distraía do trabalho desaparecera. Eu me recolhera ao único pensamento: Da armação do sino.
Depois fui à floresta ver as árvores em sua condição natural. Quando a árvore certa apareceu a meus olhos, a armação do sino também apareceu, nitidamente, sem qualquer dúvida.
Tudo o que tinha a fazer era esticar a mão e começar. Se eu não houvesse encontrado essa determinada árvore, não haveria armação alguma para o sino.
O que aconteceu? Meu próprio pensamento unificado encontrou o potencial oculto na madeira. Deste vivo encontro surgiu a obra que vocês atribuem aos espíritos.”
Reflexão
Este lindo poema nos mostra a percepção que podemos ter a respeito do trabalho que realizamos e nos chama a atenção para a relação entre aquilo que acreditamos e o que praticamos.
1. A primeira lição que podemos extrair do poema é que após ser elogiado e muito ovacionado pelo seu impressionante trabalho, inclusive pelo Príncipe de Lu, o entalhador responde “sou apenas um operário”, veja a atitude de humildade dele, “não tenho segredos”. Isso mostra que apesar de ter logrado êxito em sua tarefa, ele se via como alguém que não fez mais do que sua obrigação realizando seu trabalho com excelência. Ao reconhecer que é apenas um operário ele ensina que se nos concentrarmos de forma abnegada em nossas tarefas poderemos ter igual sucesso em nossas empreitadas da vida. Saber quem somos é um passo muito importante para a realização de grande coisas para Deus.
2. A segunda lição é a que ele tinha uma ordem do príncipe, uma incumbência, uma missão a cumprir, por isso ele foca toda a sua atenção em cumprir tal ordem, para isso ele se desliga de tudo o que poderia distraí-lo, inclusive nesse primeiro momento ele começa com a administração de seu próprio tempo. Protegendo seu espírito de não desperdiçar tempo com “ninharias”, ou seja, coisas irrelevantes que não ajudarão a focar no meu propósito.
3. Despois ele nos mostra como terceira lição que esta administração do tempo somente seria eficaz se fosse acompanhada de jejum e muita restrição não apenas alimentar, mas um estado de humilhação e esvaziamento do eu. Ele diz que o jejum era para colocar seu coração em repouso, ou seja descanso. Aqui podemos perceber o que pra nós seria o descansar no Senhor, se esvaziar de todas as nossas possibilidades e deixar Deus fluir em nós.
Em seguida ele descreve a progressão das conquistas desse jejum, vejam só:
1. Com apenas três dias de jejum estava vencida a ganancia, a ambição e o egoísmo. Ele esqueceu o lucro e o sucesso, seu trabalho agora não seria motivado mais por essas duas coisas… Quem não quer ter lucro e obter sucesso naquilo que faz? Mas esse não era o seu objetivo. Uau isso é incrível!
2. Com cinco dias de jejum agora estão vencidos a necessidade de aprovação e o medo da reprovação das pessoas que o cercam. O que ele vai fazer já não será influenciado pela motivação errada de tentar agradar as pessoas. Ele esqueceu o louvor e as criticas daqueles que o cercavam.
3. Com sete dias de jejum ele então consegue vencer a si mesmo, sua tarefa agora já não gira em torno de si mesmo, não é sobre ele, mas sobre o que foi dado a ele como missão para cumprir, não tem a ver com o peso de um obrigação, mas sim em se envolver com total alegria no trabalho de criar alguma coisa. Veja que nesse ponto ele diz que “tudo o que me distraía no trabalho desapareceu”. Ele agora estava pronto para então buscar inspiração, seu foco estava apenas na armação do sino.
4. E por ultimo, a conquista mais impressionante dentro desse processo é que ele vai atrás da madeira perfeita para a confecção da armação. Veja o detalhe da sua fala: quando “a arvore certa apareceu a meus olhos, a armação do sino também apareceu, nitidamente, sem qualquer dúvida”. Aqui é o final da jornada, embora ainda não estivesse pronta a armação, ele já tinha a visão de como ela seria. O resto era só questão de tempo e esforço.
Conclusão
A conclusão disso tudo é que, assim como o mestre entalhador do nosso poema, podemos também tomar a mesma direção como sentido para nossa vida com Deus. Sabendo quem somos e qual é a nossa missão, então podemos nos consagrar e buscar a cada dia esvaziar de nós mesmos nos preenchendo do espírito Santo de Deus para sermos capacitados e inspirados, além de tudo dirigidos pela Sua presença em nós diariamente em nossa missão. Que Deus te abençoe.
Fonte:
Este poema intitulado: “O entalhador de madeira”, tem sua origem no livro A via de Chuang Tzu, organizado pelo monge trapista Thomas Merton, foi extraído por mim de um livro que li chamado Xelotes, do autor Dave Gibbons editora Mundo Cristão.